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Botequeiros queridos, preparem-se! Dia 13 de abril começa em BH o Festival Comida Di Buteco. Pra quem ainda não conhece toda a história, vou contar um pouquinho aqui.
Começou a acontecer em BH em 2000, como iniciativa de Eduardo Maya, profundo conhecedor de gastronomia e, na época, apresentador de um programa de culinária na extinta Rádio Geraes FM, apoiado pela diretora-executiva da Rádio, Maria Eulalia Araújo e pelo proprietário da emissora, João Guimarães. Já no primeiro ano, apesar da participação de apenas 10 botecos, o evento já teve sucesso e não é difícil saber porque: a transformação do simples petisco de boteco em algo inusitado, com toque gourmet agradou e muito o mineiro, que tanto gosta do seu tira-gosto acompanhando sua cervejinha gelada… Nao é a toa que temos mais de 12000 botecos em BH, na maior proporção boteco-cidadão do Brasil.
Desde o início, um dos objetivos do Festival era também apoiar o turismo gastronômico da cidade. Pois bem, o evento foi crescendo, tomando proporções cada vez maiores e acabou expandindo-se para outras cidades mineiras e a seguir, para outras cidades fora de MG, tornando-se assim, o maior concurso gastronômico do Brasil. Hoje ele acontece quase simultaneamente em 16 cidades brasileiras: Belém, BH, Campinas, Fortaleza, Goiânia, Ipatinga, Juiz de Fora, Manaus, Montes Claros, Poços de Caldas, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Salvador, São José do Rio Preto, São Paulo, Uberlândia.
Aqui em BH, termina sempre em uma festa, a “Saideira” onde os botecos improvisam pequenas “filiais” e vendem amostras dos petiscos concorrentes. Acontecem apresentações de várias bandas, geralmente de samba, e no final tem a premiação, com o anúncio do boteco campeão, o escolhido pelo jurado e pelo público como o melhor.
E aí é assim: começa dia 13 de abril, vai até dia 13 de maio e 41 botecos participam.
30 dias. 41 botecos. Deixo a matemática para vocês. Só digo uma coisa: vou precisar de companhia. Só na Terça que não posso botecar, pois o dever me chama por 24h ininterruptas. E vou precisar de esteira…
Neste ano, as cidades mineiras têm como ingrediente obrigatório nos tira-gostos participantes o queijo minas, podendo ser de três tipos: queijo minas padrão, queijo minas artesanal, queijo frescal. Será desclassificado o boteco que substituir estes por algum outro queijo, mesmo que produzido em MG.
Ano passado, houve homenagem ao norte de Minas, sendo obrigatório um ingrediente típico. No ano anterior, o jiló. E uns anos atrás, foi proibido o uso de garfos e facas para se comer o petisco, o que achei muito prudente, afinal petisco é petisco, come-se com a mão ou com palitos. Refeição é que se come com garfo e faca.
Eu adoro o Comida Di Buteco, mas confesso que já gostei mais. Meu primeiro contato com o festival foi antes de 2005, mas não me lembro bem o ano, nem o boteco que fui, só sei que era tudo muito inicial. A minha primeira Saideira foi em 2005, na “finada” Casa do Conde, num inesquecível show do Zeca Baleiro. Lembro que fui comprar ingresso num dos botecos participantes lá no Barreiro. De ônibus. Ah… Os tempos acadêmicos…
Depois desta, fiquei super empolgada e esperava ansiosamente cada edição. A de 2007 (acho que aquela que ganhava os selinhos, tipo um álbum de figurinhas e depois trocava pelos brindes) foi a que mais fui em botecos, tipo uns 25. Lembro de um domingo que fui em 5. Nas edições, seguintes, fui em botecos aleatórios. E depois fui em uma Saideira isolada em 2009 no CEU, que foi boa, mas nada comparada às que aconteciam na Casa do Conde. Nunca fui em nunhuma no Largo da Saideira.
AIiás, aproveito para deixar aqui meu lamento profundo pela transformação da Casa do Conde, um espaço cultural fantástico, numa igreja evangélica! Toda vez que passo por lá sofro muito e lembro dos eventos super legais que fui lá e que não acontecem mais: show do Djavan, festa do Dia do Médico (a melhor que já teve), feira de culinária, Saideira… Aff!!!
Confesso que dei uma desempolgada com o Comida Di Buteco. Acho que fiquei enciumada quando o evento começou a acontecer em outras cidades. Sempre achei o Festival uma coisa tão nossa, tão BH… Eu tinha super orgulho de falar que o Comida Di Buteco tinha nascido aqui e só tinha aqui e tal… Mas agora, tem pra todo lado e o pessoal desses outros lugares nem dá tanta importância assim quanto a gente dá. Tipo, CdB em SP? Tá bom, senta lá Cláudia…
Mas este ano, vou tentar ser uma pessoa MADURA e superar esse sentimento bobo e em nome de vocês, fazer um esforço para freqüentar o maior número de botecos possíveis e poder comentar tudinho aqui.
Tô só esperando vocês para me fazerem companhia. E podem esperar pois vão me ver almoçando em boteco tipo em plena segunda-feira… Tudo em nome do jornalismo gastronômico. É a vida de blogueira! Hehehehe!!!
Pra terminar, transcrevo as inspiradoras palavras de Eduardo Maya:
“Há séculos, o boteco faz parte da paisagem de nossas cidades. Mas por ser um espaço de comércio popular, não despertava a atenção necessária e, portanto, vivia à margem da sociedade. Quando o Comida di Buteco começou em Belo Horizonte, foi como se colocássemos um holofote sobre toda a riqueza da culinária de raiz da nossa região e destes estabelecimentos que tem, em sua maioria, uma história familiar por trás. Isso mudou a forma como as pessoas viam o boteco, e, junto a esse carinho para o qual a população se despertou, os estabelecimentos também tiveram a oportunidade de se profissionalizar e de se tornar sustentável, sem deixar de lado sua essência.”
E aí, bora lá?