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Fosse nascido em outra época o autor da frase dizendo que “todo homem deveria plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho” acrescentaria “e claro, conhecer Nininha de Copa” (desconfio que deva estar escrito em algum lugar do Talmude… Ou no Código de Hamurabi. Já voltamos há alguns dias do Rio, mas fiquei devendo umas atualizações.
Primeiro ponto, tenho que dizer que tenho muita sorte mesmo de ter essa família postiça, criada a distância e que sempre proporciona momentos de muita diversão. Dessa vez não foi diferente das outras, tirando o fato de estar todo mundo já “criado”.
Segundo ponto: algumas cidades no mundo são incrivelmente interessantes por serem cosmopolitas. As influências de tantos moradores vindos de outros lugares cria uma personalidade difusa para a cidade. Ninguém sabe muito bem qual a comida típica, o sotaque típico, a moda de lugares como Londres, Nova Iorque ou São Paulo, pois elas são um resumo do mundo ao redor. Já o Rio tem uma coisa meio diferente, meio Paris. O parisiense e o carioca tem a sua identidade no mundo marcada, e suas cidades tem uma alma coletiva que é difícil explicar. Ao fim e ao cabo todo bar carioca sabe servir cerveja bem gelada e fazer pastéis e bolinho de bacalhau como em nem um outro lugar.

Foi juntando este contexto e esta proposta que fomos ao Bar Urca. Localizado à beira da murada do tradicional bairro da Urca, considerado um dos principais restaurantes de frutos do mar do Rio de Janeiro. Pensa bem a responsabilidade. O bairro por si só já vale o passeio pela arquitetura, pelas ruas mais arborizadas, a vista da Baía de Guanabara, bem diferentes do circuito Zona Sul Copa/Ipanema/Leblon. Caso vá durante o dia você pode ainda aproveitar e conhecer o Pão de Açúcar, ou se intrigar com a enorme escada sem rampas do Instituto Benjamin Constant.
Após o turismo você tem duas opções, sentar na murada, tomar uma cerveja comendo empadas de camarão ou dirigir-se ao segundo andar e comer e beber à la carte.

Fomos na segunda opção. O salão é pequeno, enche rápido, e tem uma decoração estilo início da década de 90. Chegue cedo se estiver com fome, pois normalmente há filas. A proposta é de restaurante com serviço family style, mas com forte sugestão de que se peçam tira-gostos e um bocado de cervejas. A carta de vinhos é um bocado limitada.

Começamos com uma dupla bolinho de bacalhau e pastel de camarão.

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O bolinho estava dentro do esperado, com bastante bacalhau e com tempero no ponto certo. Super crocante e sequinho. O pastel foi algo fora do normal para a humanidade. Seu interior era totalmente preenchido por uma massa que lembra muito bobó de camarão, além de um animal de bom porte em seu interior. Mesmo com o recheio úmido o pastel manteve-se crocante.

O prato principal foi um par de camarões na moranga. Vindo com um recheio também repleto de camarões e um bocado de catupiry. Estava muito bom. Deve ser servido rapando-se a lateral da moranga para “homogeneizar” os recheios, um pouco diferente de outras receitas que já vi (e já fiz) onde um recheio é preparado e reintroduzido na moranga.

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Ressalva da noite, nosso primeiro garçom. Em um primeiro momento disponível e atencioso, logo perdeu seus modos. Na verdade mais uma falta de jogo de cintura. Como os convivas foram confirmando em cima da hora acabamos em número de 8, quando esperávamos 6. Estava nítido que a gente ia atrapalhar um pouco as passagens dos garçons e pedimos a uma outra mesa. Bastava um “ok, vou olhar as possibilidades, só um minuto” ainda que fosse uma mentira para agradar o freguês. Nós também não saímos invadindo os espaços com cadeiras para não atrapalhar, mas recebemos uma resposta seca do tipo “olha, sem chance”. É a velha questão da hospitalidade, tem gente que nasce com um dom pra garçom e que tem isso naturalmente, mas a maioria precisa de treinamento.

Olha a turma aí, vesga de sono e entupida de comida:

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A conta com tudo ao final ficou em torno de R$80,00 por pessoa, com bebidas (bastante para um jantar). Justo pela comida, caro pelo ranzinza do garçom, quase de graça pela diversão.

No dia seguinte rumamos para Santa Tereza, outro bairro tradicional e muito charmoso (será que todo bairro de Santa Tereza tem um ar retrô?). É lá que fica ficava o bonde que segue por sobre os arcos da Lapa, temporariamente desativado após alguns incidentes.
A arquitetura é muito bonita e o bairro conta com alguns bons lugares para comer. Escolhemos este:

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Sim, estávamos no estilo doidões dos peixes e frutos do mar, mas convenhamos, estas iguarias fresquinhas em Belo Horizonte… não é sempre que rola a oportunidade. Restaurante estilo Family Style também com um simpático garçom vindo de Vespasiano.

Começamos com anéis de lula à dorê (crocantes e frescos) acompanhados de molho tártaro, acreditem, caseiro. O restaurante já começou me ganhando aí. Molho tártaro é super simples de fazer e o comprado normalmente é ruim. Para ganhar a 3ª estrela só faltou a maionese ser caseira também, mas pelo que o restaurante se propõe a servir, só de já executar o molho foi bom.

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O prato principal foi um pirarucú com molho de coco e castanha do Pará (criativo) acompanhado de arroz com brócolis, banana da terra e batata baroa (cenoura amarela) assadas. Estava um pouco frio, pela demora entre sair da janela e chegar à mesa, mas ainda assim excelente.

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Para vocês que estão rumo ao Rio ficam aqui estas dicas (ainda falta uma). Depois digam o que vocês acharam destes lugares, deixem também suas dicas.

Notas:
Obrigado aos queridos Jorge e Regina, tios e anfitriões, Fábio, Nando e, respectivamente Laura e Mariana